Quando somos crianças sempre pensamos em tudo, somos criativos e determinados a descobrir o mundo, para nós tudo é possível, as coisas mais simples são as mais incríveis, e as mais complexas são as mais interessantes. Quando crianças queremos ser tudo, todas as profissões tem um lado divertido e interessante para nós, até as mais chatas, chegamos até nos parecer com a Barbie queremos trabalhar com todas as profissões.
Fala sério, quem nunca sonhou em ser astronauta e ir para o espaço, ou quem nunca sonhou em ser veterinário e cuidar dos animais, ou um médico para dar remedinhos e cuidar das pessoas, ou talvez uma simples secretária de uma agência só para mexer nos papéis e ficar digitando um monte de letras aleatórias em um teclado de computador. Atuar e fingir ser uma pessoa que você não é, criar novas personalidades, e novos estilos era uma brincadeira divertida e eu me apeguei tanto a isso, que aos 10 anos decidi que queria ser atriz.
Porém com forme vamos crescendo, começamos a tomar consciência de que a vida não é assim tão fácil. Quando comecei a terrível transição entre a criança para adolescente comecei a notar que achar a minha verdadeira vocação não seria tão fácil quanto era brincar de fingir ser.
Mas mesmo assim continuei amando teatro e arte do cinema, fiquei tão obcecada que quando assistia algum filme ou alguma série, eu prestava mais atenção na atuação dos atores e na reação dos personagens do que no próprio enredo do filme.
Foi ai que eu comecei a estudar mais sobre esse mundo, iniciei no teatro da escola, e me apaixonei ainda mais, amava atuar. O problema foi quando contei pra minha mãe, a cara de decepção dela quando eu disse que eu não queria cursar nem marketing nem administração, foi péssima, ela riu como se eu tivesse contado uma piada, aquilo me magoou um pouco confesso. Mesmo assim eu não estava pensando em desistir, eu tentei muito me manter focada nos meus planos.
Mas eu sou ingênua, até parece que uma adolescente de 16 anos ia suportar por muito tempo o desgosto da mãe pelos seus sonhos. Eu desisti. Cada vez que tocávamos nesse assunto era uma briga, cada vez que insinuava essa possibilidade de talvez um dia eu “ pudesse ser” era um comentário de ironia e sarcasmo. Meu pai me humilhava tanto quando eu falava que eu queria ser atriz que dava vontade de furar os ouvidos, uma das frases que eu mais estava acostumada a ouvir era que eu estava escolhendo um destino que me levaria a ser vizinha de nóia.
Eu tinha o apoio genuíno das minhas amigas, mas só os amigos acreditarem em você não é o suficiente, você precisa acreditar em si mesmo, você precisa acreditar que consegue. E eu nunca tive confiança em mim, mas pra ser atriz, eu realmente acreditava que era o meu propósito. Mas meus pais conseguiram, eles conseguiram me “salvar” do fracasso.
Eu desisti. Eu só não sabia que desistir do sonho da minha vida me faria desistir de tudo, desistir da escola, dos estudos, das pessoas, da vida. Me destruiu acordar do sonho. O sonho em que eu era o ser mais feliz do mundo. Desistir de ser atriz me fez perder o propósito, me fez perder a razão da vida, me fez perder a força e o combustível que eu tinha pra continuar.
Agora me encontro aqui, deitada na cama chorando e esperando que a vida aconteça sem eu precisar levantar. Estou aguardando ansiosamente pelo futuro de merda que me aguarda.